sexta-feira, 15 de abril de 2011

Dia Inusitado em Curitiba

As cidades, tanto quanto as pessoas, têm certas peculiaridades que vale a pena serem observadas, pois nos remetem ao mundo em que vivemos e, às vezes, nos falta percepção para nos darmos conta de que tudo acontece aqui mesmo, ali mesmo ou aí mesmo?

Veja só, tinha uma reunião cedo da manhã. Grandes decisões naquele dia. Me dirigi à garagem depois de ter tomado um bom banho, posto minha melhor roupa e tomar o melhor café que alguém poderia ter.
Coloquei a chave na ignição, dei a partida e nada. O carro não pegou. Olhei no relógio e percebi que o horário já estava ficando apertado. Peguei o celular e chamei um táxi.

O táxi chegou e eu o orientei para que me deixasse em frente à empresa. Ele seguiu o trajeto que quis. Moço, eu acho que se o senhor for pela Getúlio, vai chegar mais rápido. Não, moça, você está enganada. Por aqui é muito mais rápido e seguiu.
Eu estava apreensiva, pois percebi que iria perder o horário. Precisava chegar lá às 8h, e já faltavam 10 minutos para as 8.

Baixei a cabeça para pegar, na bolsa, minha nécessaire, onde estavam o espelho e meu batom, precisava ver como estava minha cara depois de todo aquele transtorno. Quando baixei a cabeça para olhar no espelho, senti apenas um solavanco e o carro rodopiar. 2 ou 3 rodopios e eu perdi totalmente a noção de onde estava. Quando dei por mim, o motorista estava fora do carro. Moço, moço, o que houve? Gritava eu com a cabeça pro lado de fora da janela. Ele conversava com alguém no celular, a mulher atravessou a preferencial que não era dela e bateu no bi-articulado, quer dizer, o bi-articulado bateu nela, quer dizer, sei lá, só sei que eu bati no bi-articulado por causa dela, acho que ela tava bêbada!!!!

Eu continuava a chamá-lo, ele não me ouvia. Moço, moço, o que aconteceu? Eu preciso ir pra minha reunião! Nada. Ele continuava no celular.

Desci do carro. Moço, eu preciso sair daqui. Tenho compromisso importante. Talvez o mais importante da minha vida. Tenho que ir. Ele nem me dirigia a palavra, continuava no celular, como vou fazer agora? Peguei esse carro essa semana, agora tenho que devolvê-lo todo quebrado. Com certeza, o dono da empresa vai me demitir. Não importa, ele não vai se importar com isso. Ele quer o carro inteiro e vai tirar do meu salário, que dia de merda... não sei se o seguro paga isso... ainda não sei de nada...

Sento na calçada já desanimada. Não tinha nada mais a fazer. Estava totalmente dentro daquela situação.

De um lado ouvia, chefe, desculpa, mas não tenho outro jeito, tenho que ficar aqui até chegarem os policiais. A mulher entrou na preferencial como se estivesse bêbada... tenho que ficar aqui... claro que o ônibus não teve muitos danos, olha o meu tamanho!!!!!

Do outro lado, eu quero pegar o motorista desse ônibus e dar um pau nele... ele diz que ele tava na preferencial, eu tenho certeza que não tava na preferencial... não fala assim comigo, eu não quero me acalmar, eu quero dar um pau nele, eu quero que você venha pra cá me ajudar, eu tô sozinha, ninguém acredita em mim... vem pra cá...
E ainda tinha o outro que dizia, cara, eu tô desesperado e ainda a mulher que eu tava levando no serviço quer ir embora, ela precisa testemunhar a meu favor, senão eu sei lá o que pode acontecer...

E eu, continuo sentada na calçada. Tudo se resolve. Ninguém se fala. Apenas, cada um preocupado em solucionar o seu problema.

Perdi a promoção!

Um comentário:

  1. Acho que ela deveria cuidar do problema dela também e ir para a reunião. Mas tem gente que diz que se isso aconteceu é porque não deveria ser para ser ou "não era pra ser". Nunca vai se saber o que era par ser mesmo.
    "Those Days"

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