sábado, 27 de novembro de 2010

O corpo que cai...

Ele cai do penhasco. Ela olha atônita seu corpo, em solavancos, despencar. Ainda pode ver seus olhos pedindo ajuda, no corpo, agora, sem movimento. Aturdida, tenta esboçar algumas palavras, fazer alguns gestos, reagir de alguma forma. Ele continua na mesma posição. Seus olhos ainda fixos nela, nada diziam. Ela põe a boneca ao lado, deita-se no chão, encosta a cabeça na terra e encontra o olhar que a está buscando insistentemente.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Gostaria de ter dito isso, Drummond:

"É sempre no passado aquele orgasmo,
é sempre no presente aquele duplo,
é sempre no futuro aquele pânico.

É sempre no meu peito aquela garra.
É sempre no meu tédio aquele aceno.
É sempre no meu sono aquela guerra.

É sempre no meu trato o amplo distrato.
Sempre na minha firma a antiga fúria.
Sempre no mesmo engano outro retrato.

É sempre nos meus pulos o limite.
É sempre nos meus lábios a estampilha.
É sempre no meu não aquele trauma.

Sempre no meu amor a noite rompe.
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência"

Oficina de criação literária

Estou participando da Oficina Literária, ministrada pelo Prof Nelson de Oliveira, atividade da FCC.

Como trabalho inicial tínhamos que escrever um texto sobre nosso colega do lado, baseado em sua carteira de identidade.

Recebi o texto do meu colega Jones Custódio, que diz:

"Num dia mofado pelo meu desgosto em trabalhar naquele Shopping repleto de decréptas imagens perfeitas, me deparei com um documento de identidade que havia encontrado no toillet feminino. Trabalho há 23 anos como auxiliar de limpeza e era a primeira vez que tomava consciência na perda de uma identidade. Kátia Regina, uma composição perdida no universo de minha mesa. Penso em ir até o Rio Grande, sua cidade de origem, buscar aquela que nem os institutos de identificação conseguiram localizar. Mas Kátia Regina é a constelação 4026955064 ainda não identificada no abismo do espaço".