quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Macarronada ao molho de cenoura picante


Domingo. Dia frio. Estávamos somente nós duas em casa. Mãe, filha. Há muito só estávamos nós duas. As dificuldades persistiam. O que fazer? Às vezes a vida não nos dá alternativa a não ser procurarmos uma como a uma agulha no palheiro. Usar a criatividade é uma delas. Aliás, parece que temos mais criatividade quando não temos mais o que fazer para resolver as situações complicadas.

Como dizia, há muito tempo éramos somente minha filha e eu. Minha companheira. Minha grande razão para continuar, seguir, lutar... hummmm isso soa pedante? Que seja! É isso mesmo! Seguíamos juntas. Lutávamos juntas. Ela sempre com uma palavra de incentivo, mesmo com tão pouca idade.

Fui à geladeira. Quase nada. Aquela cenoura, aquela única cenoura, tamanho médio, alaranjada, firme, me incitava a pensamentos cuja consequência poderia ser momentos de prazer inusitados.

Era preciso fazer o almoço. E eu ainda não sabia o que fazer com aquela cenoura. Vasculhei os armários. Lá no cantinho, bem lá no fundo de um deles havia uma pequena caixa de creme de leite. Creme de leite cujo deleite poderia ser uma prazerosa macarronada, já que sobrava também um pacote de massa comprida.

Ralei a cenoura e a coloquei para fritar com um pouquinho de sal e margarina. Salpiquei orégano e pimenta do reino. Quando a cenoura estava pronta, despejei o creme de leite. O sabor daquele molho foi inigualável. O prazer que senti ao experimentá-lo, não há palavras que possa descrever.

Em separado, preparei o macarrão “al diente” e estava pronta a mais saborosa refeição: macarrão ao molho de cenoura picante.

Arrumamos a mesa. A enfeitamos como se fôssemos receber visita importante. E saboreamos nosso almoço regado à paz e harmonia plena.

Nossa vida é assim!

3 comentários:

  1. O Deus hebraico—cristão disse «Faça-se a luz e a luz foi feita». O prazer não costuma figurar dentre seus atributos. Mas não custa imaginar-lo saboreando o prazer de criar algo a partir do nada. Faça-se o molho de cenoura picante a partir do «quase nada» da geladeira da mãe e filha ! Tampouco custa imaginar o prazer desta mãe com este tocante «domingo da criação»

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  2. É de dar inveja ao grande Lavoisier!!!
    Mandou bem,gaucha porreta!!!
    adorei
    aragao

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  3. Emocionante! Deu um pulo na dificuldade e a transformou num belo acontecimento. Como é dificil driblar os obstaculos, sacudir a poeira e dar volta por cima. Vc com certeza fez e sempre fará. Acho que por isso me simpatizei contigo. Bela filha de iemanjá, bela mãe, bela amiga
    Bjus
    Lis

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